Caminhada em Sertãozinho pediu paz após morte de jovem por guarda civil
terça-feira, 12 de março de 2013Familiares e amigos de um adolescente morto a tiros em 2012 em Sertãozinho saíram às ruas da cidade na noite de sexta-feira (8) em uma passeata pela paz. Segundo informações da Polícia Civil, Nivaldo Nuno de Almeida Barbosa, de 18 anos, foi morto com um tiro nas costas disparado por um guarda civil municipal. O jovem era suspeito de ter participado de um assalto a uma loja e foi flagrado pelos guardas no local do crime. Outros três homens que participaram da ação foram presos dias depois na cidade de Ribeirão Preto (SP). O inquérito concluído no fim de fevereiro pede o indiciamento do guarda pela morte do garoto.
A morte de Nivaldo completou um ano nesta sexta-feira. Segundo a mãe dele, Verônica Almeida Barbosa, a passeata organizada por amigos e pela família do jovem, quis chamar a atenção das autoridades para a violência cometida contra os jovens. “Faz um ano que perdemos um pedaço de nós. Essa passeata é um pedido de paz e um pedido para que as autoridades olhem mais pelos nossos jovens e para que isso não se repita com outras famílias”, disse.
Carregando cartazes, velas, balões e vestidos com camisetas com a foto do rapaz, os participantes caminharam pelas ruas da cidade em sinal de luto. Um dos amigos da vítima, Wiliam Carlos Lúcio, disse que Nivaldo morreu de forma injusta. “Eles [os guardas] cometeram uma injustiça com um menino que era merecedor, jovem e que tinha tudo para vencer. Foi uma covardia”, afirmou.
O caso
O jovem foi morto no dia 8 de março de 2012 suspeito de tentar roubar uma loja de roupas na cidade de Sertãozinho com mais três pessoas. Na época, a Guarda Civil Municipal informou que um dos agentes ouviu um barulho no local e foi recebido com tiros ao averiguar o que estava acontecendo. Cinco viaturas cercaram a quadrilha e houve tiroteio, que acabou na morte de Nivaldo.
No fim de fevereiro deste ano, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte do jovem. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Cláudio José Ottoboni, as investigações concluíram que Nivaldo morreu ao ser atingido por um tiro nas costas.
A conclusão veio por meio de exames periciais no local da morte e nas armas encontradas pela polícia e ainda por meio da exumação do corpo do jovem. Segundo o delegado, o projétil retirado da vítima é de um revólver calibre 38, do mesmo tipo que o guarda indiciado portava no dia em que o adolescente morreu. “O tiro que tirou a vida dessa pessoa foi pelas costas, disparado a uma distância aproximada de dois metros, com um revólver calibre 38. O tiro pelas costas descaracteriza a situação de legítima defesa. Só existia um guarda municipal naquele momento que utilizava um calibre 38”, afirmou Ottoboni.
Se o Ministério Público acatar a denúncia e apresentá-la à Justiça, o caso poderá ir a júri popular. “Eu espero que o guarda vá a júri e que a justiça continue sendo feita porque foi provado que o tiro foi à queima roupa e que ele não teve direito de defesa”, disse a mãe da vítima.
O andamento do processo – que, por outro lado, pode ser arquivado pela promotoria – definirá qual será a postura da Prefeitura de Sertãozinho com relação ao funcionário, segundo João Batista de Camargo Júnior, assessor de assuntos de segurança em Sertãozinho. Por enquanto, o guarda civil está afastado de trabalhos externos e tem atuado em funções administrativas.
Fonte: G1